Lesões pseudotumorais

Lesões pseudotumorais são entidades clínicas que frequentemente imitam características semelhantes às dos tumores ósseos, tanto no aspecto clínico quanto em exames radiológicos, porém diferem fundamentalmente deles por não apresentarem crescimento neoplásico. Estas condições não estão associadas a um comportamento maligno de células em proliferação descontrolada.

Essas lesões, por vezes chamadas de ‘pseudotumores’, podem ser resultantes de uma série de processos, como inflamações crônicas, reações imunológicas, infecções ou mesmo alterações metabólicas, manifestando-se com um aumento localizado no volume do tecido que pode ser confundido com um tumor sólido. 

O diagnóstico correto é essencial para evitar procedimentos invasivos desnecessários, uma vez que muitas vezes podem regredir espontaneamente ou responder bem a tratamentos específicos. Assim, a distinção criteriosa entre essas condições e tumores verdadeiros é crucial para garantir o manejo clínico adequado e evitar intervenções terapêuticas excessivas.

As lesões mais frequentes são:

         Osteomielite Crônica: infecção óssea que acomete pacientes com história de traumas, cirurgias ou infecções crônicas, podendo causar destruição óssea, dor e efeitos sistêmicos. O tratamento é complexo, com antibióticos por longos períodos e necessidade de abordagens cirúrgicas seriadas.

         Cistos ósseos: são alterações ósseas líticas que apresentam conteúdo líquido, seja ele hematoma, líquido sinovial ou líquido inflamatório, que provocam fragilidade óssea e predispõem à dor e ao risco de fraturas. O tratamento varia desde acompanhamento clínico das lesões menores, a procedimentos cirúrgicos de fixação e enxertia com osso.

         Miosite Ossificante: é uma doença rara caracterizada por formação óssea heterotópica que pode acometer músculos, tendões e fáscias, e pode ser associada a um trauma prévio. A doença apresenta, inicialmente, um quadro inflamatório e doloroso, evoluindo com calcificações e rigidez articular. O aumento de volume pode simular um tumor ósseo ou em partes moles, portanto é diagnóstico diferencial para algumas doenças mais agressivas, como osteossarcoma e sarcoma de partes moles. A doença é autolimitada, portanto, pode ser tratada com medicações anti-inflamatórias e, raramente, é necessário procedimento cirúrgico.

         Granuloma Eosinófilico: doença óssea não neoplásica, mais comum em crianças. É a forma localizada da Histiocitose de células de Langherans. Apresenta-se como lesão destrutiva que acomete ossos longos, pelve, coluna vertebral e crânio. Apesar de benigna, pode simular doenças agressivas como o Sarcoma de Ewing, e o tratamento pode necessitar desde medicações corticoesteróides ao tratamento cirúrgico, não raramente, pode apresentar resolução espontânea.

         Tumor marrom do hiperparatireoidismo: são complicações que entram no amplo espectro clínico de manifestações de doenças metabólicas, geralmente surgindo como lesões líticas, únicas, frequentemente associadas, na forma primária, ao adenoma de paratireoide (principal causa) e, na forma secundária, à insuficiência renal crônica. O tratamento é associado à abordagem da causa de base, porém, devido à destruição óssea, pode desenvolver fraturas patológicas, necessitando de fixação profilática.